Azure Monitor SCOM Managed Instance–System Center Operations Manager no Azure

Em abril deste ano com o lançamento da suite System Center 2022 escrevi se os produtos ainda eram importantes e seus correspondentes em serviços e soluções no Azure Marcelo de Moraes Sincic | Lançamento do System Center 2022–Ainda Vale a Pena? Será descontinuado? (marcelosincic.com.br)

Um destes produtos era o System Center Operations Manager (SCOM) que sempre foi uma ferramenta muito importante na monitoração de ambientes on-premisse.

Como já abordado em abril, o uso de Azure Arc e Azure Monitor pode ser utilizado para ambientes on-premisse mas dependem de internet, geração de alertas correspondentes escritos em KQL e consumindo créditos com a ingestão maciça de eventos do log.

Por exemplo, uma regra construida no SCOM onde relacionamos o log de um servidor com outro usando um Event ID sequencial para indicar uma cadeia de quebra ou então um mapa com objetos relacionados é muito mais complicado de ser construido no Azure Monitor exigindo conhecimento de Notebooks Jupyter e KQL.

O que é o Azure Monitor SCOM Managed Instance

Na prática a Microsoft não está lançando um produto novo ou feature nova mas sim transformando um PaaS um produto que ainda é muito importante para diversas corporações.

O diagrama abaixo disponivel em About Azure Monitor SCOM Managed Instance (preview) | Microsoft Learn deixa bem claro que a funcionalidade se inverte onde o SCOM agora é que está em cloud monitorando o ambiente on-premisse.

Screenshot showing architecture.

Fatores a serem considerados

Com esse novo recurso temos que questionar se irá ou não valer a pena migrar para o ambiente gerenciado e podemos usar estes fatores inicialmente:

Vantagens Desvantagens
  • Não ter que gerenciar os recursos agregados, que normalmente eram o mais “problemático” como o Reporting Services e SQL
  • Utilizar os mesmos Management Packs que o on-premisse
  • Facilidade na implementação e escalabilidade já que todo o processo criativo dos recursos é realizado pelo Azure
  • Licenciamento é o mesmo, aproveitando o investimento nas licenças CIS ou System Center Suite
  • Utilizar o SCOM monitorar as VMs locais no Azure e outras clouds, aproveitando o conhecimento já adquirido no om-premisse, sem a necessidade de enviar dados das Azure VM para o ambiente on-premisse
  • Integração simples com Power BI
  • Custo de ingestão de logs no Azure Monitor utilizando o Arc é maior que o custo de upload dos logs via VPN
  • Custo de infraestrutura no Azure para VMs, Load Balancing e tráfego de dados
  • Situação de link internet invertida, agora não é mais o SCOM que enviaria os dados para o Azure Monitor e sim os servidores on-premisse que enviarão dados para o SCOM, gerando alertas em cascata quando houver queda de link
  • Discovery para instalação automática não é suportado (1)
  • Não é possível ter Management Servers no ambiente on-premisse (2)

(1) Até o momento não disponivel no Preview

(2) Até o momento não é suportado, mas permite o uso de Gateway Server

Manutenção de Incidentes no Microsoft Sentinel

Um recurso que testamos no Private Preview e agora está em GA é a manutenção de incidentes, que envolve a deleção e criação.

Create and delete incidents in Microsoft Sentinel - Microsoft Tech Community

Deleção de Incidentes

Pode parecer em um primeiro momento que deletar um incidente no ambiente de SOC seja uma tarefa fora do padrão, pois poderia ser usado para esconder ou melhorar uma estatística (KPI) do time de atendimento.

Apesar de aparente contradição, esse recurso é importante pois nem sempre um incidente é encerrado ou tratado. Um exemplo comum é o Adaptative application que responde repetidamente a aplicações como o próprio Azure Arc ou Automation.

Em casos em que o incidente não foi efetivo e nem um falso positivo por não ter a ver com uma brecha de segurança efetiva, a deleção pode ser um recurso útil ao invés de você passar a ignorar o alerta. Afinal, um dia uma aplicação realmente suspeita irá rodar no servidor e por ter ignorado a regra de aplicações suspeitas você não irá saber.

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Como pode ser visto acima, o recurso está bem visivel e acessível.

Observação: Incidentes gerados por integração com Microsoft 365 Defender não podem ser deletados, já que foram linkados.

Importante: Na tabela SecurityIncident estará registrado o incidente e quem o deletou. Não existe uma lixeira para recuperar o incidente, mas os alertas e o próprio incidente continuam registrados nas tabelas de log e você poderá eventualmente auditar os incidentes deletados para evitar manipulações indevidas.

Captura de tela 2022-09-13 095509

Criação Manual de Incidentes

Esse recurso era esperado a um tempo e nem precisa de muita explicação, afinal usávamos alertas customizados para criar incidentes customizados. Isso dava trabalho, já que era necessário identificar uma situação que pudesse gerar um incidente mas que não fosse mapeada. Por exemplo um evento especifico que geravamos manual e mapeavamos um alerta em KQL para criar um incidente de um caso especifico.

Mas isso nem sempre funcionava, por exemplo digamos que um usuário recebeu um phishing em seu email pessoal e abriu no computador da empresa e consequentemente não foi detectado pelo MDE. Neste caso registramos o incidente manualmente para constar nas atividades de SOC.

Outro caso muito comum são as atividades de chamados de programas que não puderam ser instalados, atividades que foram barradas e foi necessário criar algum tipo de mitigação, etc. Nestes casos hoje o SOC não tinha como registrar estes incidentes, normalmente oriundos do sistema de chamados.

O processo é bem simples, você irá utilizar o botão de criação de incidentes e informar todos os campos necessários e depois trabalhar com ele como faz com os outros incidentes.

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Agora seu dashboard de atendimento no SOC terá uma visão muito melhor, sem a necessidade de agregar mais de uma ferramenta.

Segurança para IoT Alem do Chão de Fábrica

Sempre abordamos com clientes a importancia de monitoração em ambientes fabris. Para isso faço sempre demonstrações do Microsoft Defender for IoT e mostramos a quantidade de dispositivos desconhecidos em um ambiente e como se comunicam muitas vezes diretamente com internet.

Mas não é apenas o chão de fábrica e sistemas de automação que podem ser um problema de vazamento em nossos ambientes. Então nos perguntamos:

Será que estou realmente seguro mesmo não sendo manufatura e automação industrial?

A resposta é NÃO!!!

Por exemplo, recentemente uma vulnerabilidade no Mikrotik e no passado com Cisco e outros produtos mostram que podemos ter equipamentos inteligentes ligados a rede invadidos e usados para vazamento de dados ou ataques cibernéticos.

Alexa e Google Home são comuns até em ambiente doméstico, mas nas empresas temos centrais telefonicas, equipamentos sofisticados de video conferencia, abertura de portas, luzes inteligentes, ar condicionado com wifi e sensores de energia. Isso citando apenas os que muitos tem em suas casas!

Alem disso, muitos destes equipamentos são de empresas que não temos certeza da segurança, por exemplo Sonoff utiliza o eWelink, Geonav o HI, LG o ThinQ e cada fabricante tem uma plataforma diferente que se integram com o Home e Alexa sem qualquer tipo de segurança sofisticada. Bastaria que eu invadisse um destes para fazer um reconhecimento e inventário remoto.

Como me Proteger?

Adote soluções que fazem o rastreio destes equipamentos. Estas soluções fazem a leitura de protocolos comuns a equipamentos inteligentes já que estes usam broadcast para serem configurados como é o caso da Alexa e do Google Home e dispositivos wifi.

No caso do Microsoft Defender for Endpoint ele detecta alterações em BIOS, tendo um catalogo da maioria dos fabricantes de automação industrial (ABB, Siemmens e outros) permitindo estar atualizado sempre que surgirem alterações importantes.

O print abaixo é um dashboard de um scan em minha casa, onde tenho ar condicionado, Google Home, lampadas inteligentes e sensores de energia:

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O Microsoft Defender for IoT permite que você simule situações entre diferentes dispositivos para analisar se entre eles ocorrem comunicações diretas ou indiretas, que são demonstrados no print anterior como pontos vermelhos. Abaixo um exemplo desta analise:

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Outra analise que tambem é realizada por estas soluções é a descoberta e alerta para novos dispositivos colocados na rede. Por exemplo se um funcionário aparecer com um wifi e conectar na rede ele irá detectar instantaneamente!

Alem disso, tambem é importante saber os protocolos e portas que os dispositivos utilizam e o consumo de banda de internet deles:

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Por fim, podemos gerar reports executivos para analise com detalhamento e um score de segurança para o que foi inventariado:

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Integração com Sentinel

O Microsoft Sentinel já possui um conector para o Defender for IoT, mas você tambem pode integrar sistemas autonomos como SCADA diretamente, alem de permitir que exporte os logs para um SIEM externo.

Stream Microsoft Defender for IoT alerts to a 3rd party SIEM

CONCLUSÃO

Mesmo ambientes domésticos já possuem muitas automações e em geral são softwares e fornecedores que não temos total confiança.

O comportamento destes equipamentos podem ser prejudiciais e passarem desapercebido de toda a equipe de segurança, então não deixe de lado por não ter um ambiente fabril!